É notório que o desmatamento enfrentado pela Amazônia entre 2020 e 2021 foi recorde, sendo o maior desde 2006, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Corroborando, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, deixa claro que mesmo com os poucos acordos gerados na COP-26, a Conferência do Clima, a crise climática continua sendo um grave problema.
É evidente que o planeta passa por um momento de extrema tensão quanto às questões relacionadas à sustentabilidade, gerando conflitos políticos e econômicos ao redor mundo. Afinal, um problema que é coletivo, precisa ser resolvido coletivamente.
Algumas estratégias já vêm sendo implementadas no país como os projetos REDD+, que são incentivos para o desenvolvimento sustentável. Assim, criamos um conteúdo exclusivo para que você compreenda o que são, como funcionam e como geram créditos de carbono. Confira!
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Entrar em contatoO que é um Projeto REED+
De acordo com dados coletados pelo Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, em 2018 o desmatamento da Amazônia foi responsável pela emissão de 44% dos gases de efeito estufa no Brasil. Ainda, conforme o INPE, o último ano foi o de maior avanço do desmatamento desde 2006, ou seja, a primeira estatística pode ser ainda mais grave se calculada para o cenário atual.
Apesar de haver interesses econômicos em todas as frentes, é um fato que a floresta amazônica é essencial para o Brasil e para o resto do mundo, além de todos os outros ecossistemas do planeta que desempenham o seu papel no equilíbrio climático.
Assim, sendo um problema que antes era uma pauta ambientalista, agora se torna estratégico e sendo razoavelmente resolvido pelo mercado de carbono, onde esses gases podem ser negociados e entram como valores financeiros na operação de uma empresa.
REDD+ é um incentivo financeiro instituído na COP-19 de 2013, em Varsóvia, na Polônia. Trata-se de uma maneira de injetar recursos dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos que apresentam critérios objetivos e práticos de redução do desmatamento.
Os países que atendem os critérios definidos em acordo após longas negociações na COP-19, entram para uma lista de candidatos a receber uma premiação por resultados, que pode ser reinvestida em mais conservação, controle e combate ao desmatamento. Projetos REDD+ são os projetos que buscam atender esses requisitos.
Os projetos REDD+ são transparentes e confiáveis?
Esse conjunto de mecanismos econômicos foi criado justamente para difundir o conhecimento sobre o tema, alertar e premiar os países engajados no combate ao desmatamento.
No entanto, trata-se de um tema delicado a ser tratado, afinal, o Brasil sendo detentor da maior parte do território da floresta amazônica acaba sendo o responsável por grandes esforços, enquanto países menos estruturados possuem menos pré-requisitos para entrar na lista de pagamento.
Com isso em mente, as negociações andaram em um sentido de criar um FREL – Forest Reference Emission Level, ou Nível de Referência de Emissão por Florestas, onde cada uma possui a sua própria base com base nos índices de desmatamento dos períodos anteriores.
No Brasil, há o sistema PRODES do INPE, o Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal por Satélite, que serve como base de dados para calcular o avanço do combate ao desmatamento. Esses dados são públicos e transparentes, auditados por um corpo técnico, assim, confiáveis.
Por essência os projetos REDD+ precisam ser transparentes, afinal, inconsistência nas informações prestadas podem gerar atritos na esfera política e econômica do acordo.
A importância do REDD+
Agora que você já sabe o que são projetos REDD+, vamos falar sobre a importância de prestar atenção neles.
Apesar de a política REDD+ instituída na COP-19 gerar polêmica em alguns pontos, é inegável que a luta contra o desmatamento é fundamental para os objetivos de controle das mudanças climáticas.
É perceptível que as coisas estão mudando, visto que somente em 2021 duas novas bandeiras tarifárias foram acrescentadas à conta de luz, primeiro a vermelha 2, e a criação da escassez hídrica. Podem parecer assuntos desconectados, porém, a energia elétrica depende da água da chuva nas hidroelétricas, e a seca se tornou ponto de atenção durante o período.
Paralelamente, o pesquisador Antonio Donato Nobre, do INPE, afirma que a seca na região sul e sudeste está diretamente relacionada ao desmatamento na Amazônia, não apenas ao novo recorde que mencionamos anteriormente, mas ao desmatamento acumulado ao longo dos anos.
É preciso compreender que o agronegócio, motor do PIB brasileiro, está inserido em uma região altamente dependente da Amazônia para o seu regime de chuvas, e com a seca, cai a produtividade. Assim, corroborando com o REDD+, demonstra-se que o desmatamento não gera apenas problemas ambientais e sociais, mas de esfera econômica.
Entenda o que é REDD+ Ambiental
Na verdade, REDD é a sigla para Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation, ou conforme o governo brasileiro adaptou, Redução de Emissões provenientes do Desmatamento e Degradação florestal.
O “+” representa algumas qualidades que devem ser observadas nesses projetos, sendo:
- Conservação do carbono nas florestas, visto que elas precisam ser mantidas em pé para absorver os gases do efeito estufa;
- Manejo sustentável dos recursos dessa região, de modo que o desenvolvimento econômico chegue sem destruir;
- Aumento dos estoques de carbono nas florestas com políticas de reserva.
Funcionamento do mecanismo do REDD+
Uma das questões é como os projetos REDD+ geram créditos de carbono. Trata-se de um processo criterioso no qual uma região de floresta deve ser delimitada para um projeto. Com esses limites é possível calcular os índices de desmatamento no passado, ou o estado atual da área.
Nisso, apresentam-se propostas de conservação, manejo consciente e desenvolvimento econômico sustentável, que pode ou não ser aprovado pelo poder público para entrar no programa. Em caso afirmativo é realizado um acompanhamento dos órgãos competentes para garantir a idoneidade das informações prestadas.
Primeiro o poder público investe em um projeto REDD+ que esteja muito bem desenhado e planejado, o responsável entrega os resultados para a manutenção dessa parceria. O Estado brasileiro, por sua vez, faz o mesmo em âmbito internacional, porém, primeiro apresenta os resultados para receber novos investimentos e incentivos para a continuação do projeto.
Por que investir em REDD+?
Conforme afirmamos anteriormente, por muito tempo as ações ligadas ao meio ambiente foram tratadas como pautas ambientalistas e sem sentido.
Atualmente, não faz mais sentido falar em desenvolvimento econômico sem colocar esse parâmetro na balança, afinal, o Brasil compreendeu que depende tanto da floresta em pé para o seu crescimento, quanto ela depende do Estado para ser conservada.
As empresas deixaram de tratar como apenas uma ação de marketing, apesar de ser um ótimo discurso para o fortalecimento do branding em um momento em que a sociedade se organiza para cobrar medidas contundentes contra o desmatamento.
Ainda, gestores de empresas precisam ter em mente que o mercado de carbono avança para se consolidar como uma área essencial para qualquer negócio. Conforme os anos avançam, o número de créditos de carbono cairá, e companhias que não pensam nisso assumem a conta e o prejuízo financeiro pela poluição.
O plantio de árvores, a luta contra o desmatamento, apoio ao extrativismo local e outras estratégias, além de um diferencial de discurso para a imagem do seu negócio, é uma maneira de se preparar para essa mudança no mercado.
O carbono florestal
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), cerca de 55% do carbono mundial está aprisionado nas florestas tropicais, estas que correspondem a 66% do território brasileiro com 560 milhões de hectares. Essa é a razão para o Brasil ser cobrado internacionalmente para se posicionar como pioneiro no combate às mudanças climáticas.
Ainda, conforme um estudo publicado na revista Nature Climate Change, as florestas tropicais são capazes de absorver o dobro do dióxido de carbono que emitem em um ano, totalizando aproximadamente 7,6 bilhões de toneladas no período de 12 meses.
Os pesquisadores ainda afirmam que essas regiões podem ser tanto sumidouros, quanto fontes de carbono e outros gases do efeito estufa na atmosfera. Por princípio, são áreas ricas em biodiversidade e matéria orgânica, portanto, emitem CO2 em altos níveis, porém, conseguem capturar todos os gases e ainda absorver o que está em circulação na atmosfera.
Porém, isso só é possível com a floresta em pé, ao ser desmatada, além de reduzir a capacidade de absorver o próprio carbono gerado, cria mais material quando são utilizadas as queimadas para a limpeza da região.
Gerando créditos de carbono
Os créditos de carbono podem ser gerados por qualquer empresa que busca reduzir a sua emissão ou compensá-la. Muitas vezes, substituindo os processos de uma indústria, implementando novas tecnologias ou atualizando o maquinário, é possível evitar que parte do carbono seja expelido para a atmosfera.
No entanto, o método mais difundido para gerar créditos de carbono é a greenwall, ou a muralha verde, onde uma companhia compra uma área de floresta com o único objetivo de conservá-la e realizar o manejo adequado.
Essa floresta, traçando um paralelo, se torna uma fazenda de carbono, que deve ser avaliada e certificada por meio de um selo digital emitido pelo poder público em parceria com consultorias especializadas.
Esse selo digital realiza o cálculo de créditos de carbono gerados na área, que são utilizados para compensar os gases gerados nos processos industriais, e a sobra pode até mesmo ser vendida para os negócios que não conseguem ou não podem reduzir a sua emissão.
Ou seja, uma das melhores maneiras de gerar créditos de carbono, é seguindo os Projetos REDD+ que tem como princípio, manter as florestas nativas em pé, com foco nas florestas tropicais.
É difícil entrar no mercado de carbono?
O mercado de carbono é altamente debatido ao nível internacional pelos líderes dos países signatários do Acordo de Paris. Trata-se de um novo ramo da economia que está caminhando aos poucos para se tornar uma discussão permanente, no entanto, falta regulamentação.
Atualmente esse mercado está sujeito às regras internacionais e nacionais, porém, há muito trabalho para ser feito na busca por uma interpretação autônoma dessas regras. No Brasil e em outros países, até mesmo pessoas físicas podem fazer parte dessa revolução.
Para empresas é possível entrar em projetos como REDD+ ou outros que visam criar estruturas sólidas e diretrizes de incentivo para a preservação florestal, substituição da matriz energética e outras estratégias.
No entanto, para a maioria das companhias, é caro e inviável comprar uma floresta para preservá-la. Uma das recomendações feitas, tanto para esses negócios, quanto pessoas físicas, é de comprar cotas dessas áreas.
Atualmente há empresas e serviços especializados em gerar créditos de carbono, no qual os cotistas recebem os seus resultados proporcionalmente, de modo que o investimento pode ser reduzido e apenas o necessário para suprir a sua demanda.
Como fazer o cálculo de crédito de carbono?
É preciso ter em mente que o efeito estufa é um fenômeno natural causado por um conjunto de gases. A questão é que o ser humano acelerou esse processo desde o seu surgimento na terra, e sendo o dióxido de carbono o principal gás emitido nas atividades humanas, emprega-se o termo “carbono”. Porém, o gás metano também é um problema, que para o cálculo, acaba precisando ser adaptado.
Assim, criou-se uma convenção na qual o dióxido de carbono é a referência para o potencial de dano global (GWP, em inglês), ou seja, tem o valor 1. O gás metano possui nível 23, de acordo com pesquisas na área da química. Ou seja, o metano é 23 vezes mais perigoso do que uma mesma quantidade de gás carbônico. Para se chegar a esse resultado, os químicos utilizam o carbono equivalente, ou a quantidade de carbono nas moléculas dos gases.
Compreendido isso, precisamos calcular o peso do carbono nessas substâncias. Sendo o CO2 constituído por uma molécula de carbono e duas de oxigênio, é possível fazer uma simples regra de três utilizando a tabela periódica para encontrar que, a cada tonelada de CO2 emitido, aproximadamente 273 kg são carbono, e 727 kg, oxigênio.
Para o metano, CH4, com uma molécula de carbono e quatro de hidrogênio, uma tonelada de gás conteria 750 kg de carbono, e 250 kg de hidrogênio.
Com essas duas informações é possível calcular o custo monetário que o efeito estufa pode representar para um negócio. Considere que estamos calculando o mercado de carbono, assim, essa é a substância utilizada como referência.
O preço do carbono é definido em comum acordo entre as partes interessadas, sendo influenciado por decisões políticas, conferências internacionais e diversos outros critérios que podem ser compreendidos com o auxílio de uma consultoria, uma vez que depende da região de atuação e fatores relacionados à natureza do próprio negócio.
Suponha que, após negociações, uma tonelada de carbono custa US$ 1 mil, pois esse é um mercado internacional, portanto, cotado em dólar. Além dos custos fixos da empresa, os negócios acabam sofrendo com o risco da moeda.
Nesse cenário, o CO2 emitido no nosso exemplo, contém 273 kg de carbono, assim:
US$ 1 mil * (273 kg / 1000 kg) = US$ 273.
Já o metano:
US$ 1 mil * (750 kg / 1000 kg) = US$ 750.
O cálculo é realizado dessa forma, utilizando apenas o carbono equivalente, uma vez que o oxigênio do CO2 e o hidrogênio do CH4 não são prejudiciais no âmbito do efeito estufa.
A fórmula genérica para o cálculo, que pode ser aplicada a qualquer outra substância identificada como pertencente ao mercado de carbono, é:
GWP equivalente * GWP padrão * Custo do carbono
- GWP Equivalente é a quantidade de carbono na molécula do gás analisado;
- GWP Padrão é o potencial de dano do carbono, a substância de referência;
- Custo do carbono é o seu preço de negociação.
Conclusão
Neste conteúdo exclusivo você compreender como funcionam os projetos REDD+, que são uma iniciativa internacional para incentivar e demonstrar financeiramente como o desmatamento e as mudanças climáticas podem afetar as empresas.
Esse é um tema de preocupação mundial, e conforme apontam as pesquisas, a catástrofe climática não é mais uma questão para o futuro, mas para o presente. Assim, essas estratégias coletivas ganham maior aderência da sociedade, no passo que cada um compreende o seu papel.
No entanto, pela falta de uma regulamentação clara e uniforme, é fundamental contar com uma assessoria especializada no ramo, de modo a otimizar recursos e deixar o maior impacto positivo possível no planeta.
Nós da CrediCarbo somos especialistas no ramo e acreditamos que o mundo pode ser sustentável ao passo que se desenvolve economicamente. Entre em contato para saber como podemos ajudá-lo a se posicionar com relevância no mercado de carbono.