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Créditos de Carbono – O Que é e Como Funciona o Mercado do Carbono

Vender créditos Comprar créditos

O debate sobre as mudanças climáticas é assunto que a cada dia ganha mais espaço nas decisões das autoridades dos países e também de empresas. A busca por um caminho sustentável trouxe soluções inovadoras, como o Crédito de Carbono.

Surgiu assim, unindo a preocupação com a saúde do meio ambiente e as necessidades do mercado. Dessa forma, trata-se de uma alternativa que visa ajudar os países a frear a emissão de gases poluentes que causam o efeito estufa.

O Crédito de Carbono, ou também conhecido como a Redução Certificada de Emissão (RCE), funciona como uma medida de flexibilização. O que faz com que nações que têm um alto índice de emissão de gases nocivos possam bater suas metas sustentáveis.

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Essa alternativa consiste em uma medida que pode ser comercializada, uma moeda. Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de carbono que deixa de ser emitida para a atmosfera. Ou seja, a cada tonelada não emitida, um crédito de carbono é gerado.

Quando um país consegue atingir essa meta de não emissão, recebe um certificado emitido pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e isso acontece à medida que esses lugares encabeçam ações e projetos sustentáveis.

Desde incentivar a população ao uso consciente de bens de consumo, optar pela utilização de fontes de energias renováveis, a reduzir os números do desmatamento. As opções são as mais diversas e podem transformar-se em créditos a serem comercializados.

A origem dos Créditos de Carbono

O conceito surgiu no ano de 1997, durante a negociação de um tratado internacional, o Protocolo de Kyoto, sendo, dessa forma, incentivado por mudanças históricas que modificaram e continuam a modificar o clima do planeta.

A humanidade há anos vem modificando o meio ambiente de forma a impulsionar o próprio desenvolvimento, desde as transformações sociais e econômicas propostas pela Revolução Industrial até as inovações tecnológicas dos dias atuais.

Cenário que impulsionou o crescimento exponencial das emissões de carbono na atmosfera, incentivando ao efeito estufa. Por isso, nos anos 80, a Organização das Nações Unidas (ONU), criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

A partir desse marco, seguiram-se eventos para discutir medidas a serem tomadas pelas nações, unindo desenvolvimento e uso consciente do meio ambiente. Um desses eventos foi a ECO-92 ou Rio-92, conferência sobre o tema realizada no Rio de Janeiro em 1992, assim como o evento, realizado no ano de 1997 em Kyoto no Japão, onde foi assinado o Protocolo de Kyoto.

Ele estabelecia a redução de 5,2%, em média, da emissão de gases do efeito estufa, a ser cumprida pelos países desenvolvidos, entre os anos de 2008 e 2012. O protocolo foi ratificado em 2005, e apesar de propor uma ação coletiva, definiu metas individuais que variavam de acordo com o desenvolvimento de cada nação.

Assim como a criação de três mecanismos auxiliares para incentivar o mercado do carbono, o Comércio de Emissões, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a Implementação Conjunta.

Mais tarde, o Acordo de Paris propôs as medidas de redução da emissão de gases a partir de 2020, substituindo o Protocolo de Kyoto, e estabelecendo que as metas seriam definidas pelos próprios países, tanto de compra, quanto de redução.

O que é Crédito de Carbono?

O crédito de carbono é como se fosse a moeda do mercado de carbono. A cada uma tonelada de carbono não emitida, um crédito de carbono é gerado. Então, se um país consegue atingir, por exemplo, 100 toneladas de não emissão, obtém 100 créditos de carbono.

Todas as ações sustentáveis que contribuam para evitar o aumento do efeito estufa e equilibrar a vida do planeta são consideradas na geração do crédito de carbono.

Como ocorre a comercialização entre os países

O mercado do carbono funciona a partir da compra e venda da sua moeda, os créditos de carbono. Ou seja, um país que os detém, podem vender créditos de carbono com nações que desejam bater as metas sustentáveis, mas não conseguem alcançá-las.

Todo o processo para comprar créditos e vendê-los é realizado tendo como base os modos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), podendo ser dividido em três modos de comercialização e desenvolvimento de medidas sustentáveis.

O primeiro é o Unilateral. Ocorre quando um país em desenvolvimento desenvolve projetos sustentáveis dentro do próprio território, essas medidas geram créditos que são comercializados pelo país que estipula os valores das negociações.

O segundo modo é o Bilateral. Nessa modalidade, um país desenvolvido escolhe outra nação, geralmente um território em desenvolvimento, onde realiza projetos. Os valores dos créditos gerados são definidos pelo país que implementou a ação.

Por fim, temos o modo Multilateral, onde projetos são implementados por fundos de financiamento internacionais. São esses fundos responsáveis por investimentos em ações sustentáveis, e por consequência definem os valores dos créditos gerados.

Comprar e vender créditos tem sido uma prática cada vez mais habitual entre países que desejam atingir suas metas de emissão e que vem gerando milhões em dinheiro todo ano.

As vantagens do mercado de carbono

Os créditos de carbono trazem benefícios para as nações que os negociam, sejam ambientais ou mesmo econômicos. No entanto, entre os maiores ganhos está a expansão de uma consciência ambiental para o mercado financeiro mundial.

Entre as vantagens, está a preservação do meio ambiente. Afinal, eles significam toneladas de carbono que deixam de ser lançadas à atmosfera do planeta todos os anos. Esse fator colabora diretamente para a estabilização do efeito estufa e freio ao aquecimento global.

Outra vantagem está em auxiliar os países que não conseguiriam alcançar suas metas de não emissão. Ao invés de apenas ignorar o fato, eles têm a oportunidade de incentivar iniciativas sustentáveis em outros territórios.

Do mesmo modo, o mercado de carbono se mostra como um incentivo à economia local de países em desenvolvimento, que podem, por sua vez, desenvolver projetos e se beneficiar das vendas dos créditos alcançados.

Os recursos adquiridos com as vendas possibilitam o desenvolvimento de novas iniciativas sustentáveis nesses territórios, assim como, podem ser redirecionados para impulsionar diversas áreas no país, de educação a saúde.

Por isso, muitos especialistas veem o mercado com bons olhos, pois ele simboliza o fato de que os desenvolvimentos econômico e tecnológico podem andar de mãos dadas com o uso consciente dos recursos ambientais.

Empresas que compram créditos

O mercado do carbono pode ser uma alternativa para as nações, mas não apenas os governos podem se beneficiar. Afinal, empresas também podem entrar nessa negociação, comprando e vendendo créditos. Isso porque há duas modalidades disponíveis: o mercado regulado e o voluntário.

No regulado estão os países e empresas que precisam cumprir as metas de emissão, e por isso compram créditos. Enquanto que o voluntário, nada mais é que companhias que entram no mercado de forma voluntária, seja por posicionamento ambiental ou não.

O mercado é altamente atraente para indústrias que são grandes poluentes, como as companhias aéreas por exemplo. No entanto, para aquelas que entram de forma voluntária, alguns benefícios também podem ser citados, como: melhoria na reputação e autoridade da marca, que é vista pelos clientes como uma empresa consciente.

Outro benefício é a diferenciação no mercado, proporcionando benefícios financeiros e contratuais. Afinal, em uma sociedade onde o debate ambiental é cada dia mais presente, uma empresa que se posicione de forma sustentável é um importante diferencial.

Por isso, cada dia mais é possível ver companhias que negociam créditos de carbono e que incentivam iniciativas e projetos sustentáveis. Seja dentro do próprio espaço de trabalho, ou em organizações externas.

O Brasil no mercado do carbono

Dono de uma grande e extensa diversidade no que se refere ao meio ambiente, o Brasil também vem sofrendo perdas ambientais e desmatamento, além de necessitar de amplos investimentos em projetos sustentáveis.

Com o Acordo de Paris, esperava-se que grande parte dos aportes financeiros fosse para iniciativas de preservação florestal. Nesse cenário, o país teria um mercado de créditos a ser trabalhado, devido a suas matas e florestas.

Especialistas destacam o potencial do Brasil para suprir tanto o mercado regulado, quanto o voluntário, ganhando com a comercialização de créditos, tendo oportunidades de atuação no setor florestal, mas também no agropecuário e energético.

No agropecuário, é possível inserir focos de investimentos desde sistemas integrados de lavoura e pecuária, até a recuperação de pastagens degradadas. Gerando assim um grande retorno para os produtores rurais e diversos benefícios contra o desmatamento.

No setor energético, por sua vez, é possível o investimento em formas alternativas de energia, como solar, flutuante, e eólica, trazendo vantagens como a segurança energética e criação de novos empregos.

Por fim, o setor florestal prevê investimentos em reflorestamento e restauração de áreas degradadas, possibilitando benefícios que vão de melhorias na saúde humana, até manutenção da biodiversidade e disponibilidade hídrica.

Dessa forma, mostra-se como um mercado a ser explorado que pode trazer uma série de benefícios. Sejam eles sociais, financeiros, ou de desenvolvimento local a partir de projetos sustentáveis. Ou ainda ambientais, para a preservação dos recursos naturais brasileiros.

No mundo há bolsas de crédito de carbono que são responsáveis pelo comércio de carbono, como a Chicago Climate Exchange, na América do Norte, e a European Union Emissions Trading Scheme. No Brasil, existem fundos de economia verde, que investem em projetos ligados ao meio ambiente.

Projetos sustentáveis para obter créditos de carbono

Ao pensar nos projetos a serem aceitos para a obtenção dos créditos de carbono, pode-se considerar os mais diversos escopos, como o tratamento de efluentes, substituição de combustíveis fosseis e energia renovável, floresta, etc.

No entanto, alguns critérios são avaliados para conferir a elegibilidade dos projetos apresentados. Confira!

  • Aderência às metodologias registradas: É preciso que os projetos tenham as suas metodologias enquadradas em suas atividades, pois a apuração do volume de crédito dependerá dessa aderência entre as atividades as metodologias aplicadas;
  • Comprovação de adicionalidade: A ideia é oferecer um diferencial no eixo ambiental, econômico-financeiro e de implantação do projeto, mediante os benefícios proporcionados pela atividade em questão. Este aspecto favorece maior destaque ao crédito;
  • Temporalidade: De modo a evitar as travas temporais aplicáveis na implantação de um projeto, é preciso que o registro do mesmo seja feito logo após a sua implantação. Assim, não se corre o risco do projeto se tornar inelegível. Dessa forma, é importante seguir alguns prazos de acordo com as regras das empresas certificadoras. Em se tratando de MDL, a carta de intenção de registro deve ser entregue dentro de um prazo antes do início da implantação, de modo a validar o compromisso em questão.
  • Confiabilidade: O projeto deve passar por extrema verificação por parte dos organismos de registro, bem como pela 3ª parte autorizada. Assim, será possível garantir veracidade às informações presentes em toda documentação e análises técnicas de cada etapa do projeto.

Após o registro público obrigatório do projeto, ele deve ser implantado e dar início às suas operações. Com isso, devem ser feitos monitoramentos periódicos, bem como verificação de desempenho e a quantificação do volume de emissões, a serem comprovadas e auditadas.

Os certificados dos projetos só poderão ser gerados, mediante a comprovação do desempenho elegível à geração de créditos.

Estratégias para diminuir a emissão de carbono

A dinâmica para que o mercado dos créditos funcione depende do empenho em projetos sustentáveis. Ou seja, quanto mais um país se dedica a redução da emissão de gases nocivos ao meio ambiente, mais crédito é gerado.

Dessa forma, é preciso pensar e desenvolver estratégias eficientes a serem adotadas, para que essa redução seja realmente alcançada, além de dedicação e consciência ambiental, para que os projetos não sejam temporários ou superficiais.

Criação de políticas de preservação, estímulo ao consumo consciente, promoção da mobilidade urbana mais sustentável e redução do desmatamento. Esses são apenas alguns fatores que representam um cenário ideal, uma cidade de baixo carbono.

Esse conceito está ligado a um planejamento urbano que visa as menores taxas de emissão de dióxido de carbono, um dos principais vilões do efeito estufa. Uma sociedade sustentável também prevê desenvolvimento social e econômico alinhados.

Como alcançar esse ideal? Primeiramente é preciso fazer um mapeamento para identificar os principais poluentes da cidade, ou localidade. Em seguida, é preciso estabelecer metas de emissão para cada setor e implementar um plano de ação sustentável, sempre monitorando as ações que estão sendo executadas.

A busca por energias alternativas e otimização de recursos são medidas essenciais para que uma sociedade mais sustentável seja alcançada, assim como a conscientização de diversos setores sociais.

Conclusão: o impacto dos créditos de carbono no mundo

Uma busca constante da sociedade atual é por medidas que possam frear mudanças climáticas e escassez de recursos. Afinal, pensar de forma sustentável é essencial para a sobrevivência de gerações futuras em nosso planeta.

O desenvolvimento sustentável está além da questão ambiental. Trata-se de alinhar o desenvolvimento social, econômico e tecnológico ao uso consciente dos recursos naturais, fazendo com que o impacto da ação humana seja cada vez menor.

Os créditos de carbono surgiram com esse intuito: uma alternativa para que as nações conseguissem cumprir as metas de emissão de carbono. O dióxido de carbono é um dos principais poluentes que causam o efeito estufa, por isso sua emissão deve ser freada.

Cada crédito de carbono pode ser comercializado entre países e mesmo empresas, incentivando projetos sustentáveis e desenvolvimento econômico. Porém, ele não deve funcionar apenas como uma moeda de troca para que nações evoluídas e grandes empresas continuem a poluir. Por isso, os projetos devem ser pensados de forma estratégica e não apenas financeira.

Para que dessa forma, o intuito inicial atribuído ao mercado de crédito de carbono seja preservado. Ou seja, auxiliar no engajamento de diferentes lugares e sociedades na preservação do meio ambiente como um todo, favorecendo não apenas ao nosso presente, mas as futuras gerações que irão habitar neste planeta.

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