Foto

A importância da redução do desmatamento no mercado do carbono

Vender créditos Comprar créditos
Foto

A redução do desmatamento e sua relação com a emissão de CO2, também conhecido como gás carbono, tem sido um dos assuntos mais relevantes da atualidade. Não seria para menos, uma vez que todo o equilíbrio dos ecossistemas mundiais depende da diminuição do aquecimento global e consequentemente da redução da emissão desse gás na atmosfera.

É justamente sobre isso que falaremos neste artigo. Assim, você irá entender a importância da redução do desmatamento no mercado de carbono. Mas antes, precisaremos entender alguns tópicos relevantes para essa matéria.

Dessa forma, primeiramente vamos abordar o que o mercado de carbono e alguns detalhes. Depois, iremos buscar uma visão mais ampla do que é o desmatamento e qual sua relação com o aquecimento global. Na sequência entenderemos um pouco dos mecanismos que visam diminuir a emissão de carbono ao mesmo tempo que preserva as florestas.

Canais de Atendimento

Boa leitura.

O que é o mercado de carbono?

A resposta a essa pergunta não é difícil, podemos resumir: O mercado de carbono foi uma das formas encontradas para diminuir os impactos climáticos do aquecimento global.

Por que essa necessidade?

No cenário climático atual uma das maiores preocupações é relativa ao aquecimento global. Trata-se de um fenômeno no qual a temperatura média do planeta aumenta, provocando drásticas alterações nos ecossistemas e também na dinâmica climática como nas marés, ventos, chuvas, secas etc.

O principal elemento que provoca esse aquecimento é o gás carbono que é emitido na atmosfera por inúmeras formas diferentes. Essa emissão ocorre com o uso de combustíveis fósseis como carvão mineral, a gasolina, o óleo diesel e outros a base de petróleo. Além disso, queimadas florestais também são uma grande fonte de liberação de gás carbono.

Frente a necessidade de frear os impactos climáticos provocados pela liberação do gás carbono, a ONU, Organização das Nações Unidas, decidiu que os países signatários deveriam tomar medidas mais contundentes e enérgicas em para a diminuição da emissão de CO2, gás carbono.

Assim, nasceu o mercado de carbono.

Como funciona o mercado de carbono?

A convenção conhecida como Protocolo de Kyoto, estabeleceu que os países deveriam diminuir suas emissões de gás carbônico. Assim, em seguida se convencionou que os países que tivessem limites de emissão não alcançados poderiam vender suas reservas de emissão de gás carbono para outros países, permitindo então que esses segundo ultrapassassem os limites permitidos.

Esses mecanismos foram implementados possibilitando que países em desenvolvimento possam emitir mais CO2, uma vez que ainda estão em processo de industrialização. Um ponto importante sobre isso também é que esses países precisam diminuir seus níveis de pobreza uma vez que a elevação da qualidade de vida está diretamente ligada a preservação ambiental.

Desta forma, não se poderia simplesmente obrigar os países em desenvolvimento a reduzirem drasticamente suas emissões de CO2, uma vez que isso poderia implicar em maior pobreza. Já por outro lado, os países desenvolvidos já possuem suas indústrias estáveis e têm maior potencial para diminuir as emissões de CO2 sem afetar a riqueza da nação e consequentemente a qualidade de vida de seus cidadãos.

O comércio de emissões

Para efeitos gerais uma tonelada de dióxido de carbono equivale a 1 crédito de carbono. Assim, ao se evitar a emissão de uma tonelada deste gás é possível negociar um crédito de carbono.

Dessa maneira o crédito de carbono se torna um ativo no mercado. Além disso, o Brasil já dispõe de leis que regulam o mercado e os ativos de créditos de carbono.

Por exemplo, segundo o site oficial Agência Brasil, a PL 528/2021 tramita na Câmara Federal dos Deputados, com o intuito de reduzir a emissão dos gases do efeito estufa no Brasil.

No entanto é justamente neste ponto que uma das questões mais importantes vem à tona, e que também é o tema central deste texto: o desmatamento.

Vamos então agora buscar entender a relação entre os créditos de carbono e a necessidade de preservação das florestas.

O desmatamento

Agora a gente precisa compreender um pouco de química orgânica. Fique tranquilo, não será nenhuma aula com elementos e tabela periódica. O que é importante entender é que tudo o que é ou já foi vivo pode liberar CO2.

Isso acontece porque o carbono é o elemento químico no qual a vida, como a conhecemos, se baseia. Assim podemos entender que uma árvore nada mais é do que uma reserva de carbono. Em outras palavras podemos dizer que uma árvore contém certa quantidade de carbono impedida de ser liberada na atmosfera em forma de CO2

Os tipos de desmatamento

Os desmatamentos não são todos iguais e também não possuem a mesma natureza. E sim, existem alguns que são mais graves que outros, pois liberam uma quantidade maior de CO2 na atmosfera.

Eles acontecem por diversos motivos, desde a exploração agrária e pecuária as técnicas rudimentares de preparação do solo.

É importante lembrar ainda que fatores culturais e econômicos também interferem na dinâmica de desmatamento, de forma que para mudar a situação é necessário ações que consigam tocar e transformar esses diversos âmbitos. Porém, por enquanto vamos entender um pouco sobre os diferentes tipos de desmatamento.

Derrubadas e extrações

Um dos principais tipos de desmatamento é o de corte de árvores para a extração de madeira. Nesse procedimento as árvores são retiradas da floresta e seguem para diversas finalidades nas indústrias. Elas podem ser utilizadas para a confecção de móveis, na construção civil e em diversas outras aplicações.

Nesse tipo de desmatamento, o carbono que está na madeira, em geral não será liberado para o meio ambiente, no entanto, é importante notar que a ausência da árvore na floresta diminui o nível de captura de carbono.
Sim, essa é uma parte muito importante do problema do desmatamento. As árvores não são apenas reservas de carbono, elas também possuem a função de capturar carbono do ar para formar as suas células. Em outras palavras podemos dizer que as florestas retiram grande quantidade de carbono do meio ambiente e em troca devolvem oxigênio.

Assim, quando árvores são derrubadas, esse mecanismo de troca de gás carbônico por oxigênio também é perdido, mesmo que o carbono que esteja na madeira permaneça ali.

No entanto existe uma espécie de desmatamento que é ainda pior no que se refere a liberação de carbono e que também contribui muito mais para o aquecimento global.

Queimadas

Esse sem dúvida é o tipo de desmatamento mais grave em relação aos créditos de carbono. Ao contrário da extração, as queimadas não apenas eliminam árvores que fazem o ciclo do carbono como também liberam grandes quantidades de CO2 na atmosfera de uma única vez.

No Brasil, praticamente todos os biomas naturais sofrem com esse tipo de problema, desde a Floresta Amazônica até o Cerrado, passando pelo Pantanal.

Somente para termos uma ideia, com as queimadas de 2020 e 2021 a Floresta Amazônica passou de um dos principais captadores de carbono para um dos principais emissores de CO2. Segundo a revista Planeta, do Grupo Globo, somente 18% do dióxido de carbono liberado pelas queimadas foi absorvido pela floresta.

As informações são retiradas de um estudo realizado pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Segundo a publicação feita na revista Nature, foram recolhidas mais de 8 mil amostras de ar, ao longo de quase dez anos de estudo em 4 diferentes regiões da Amazônia.

Estas áreas apresentaram diferentes taxas de desmatamento. Entre aquelas com mais de 30% de zona desmatada, o estresse hídrico e a emissão de CO2 eram gravemente maiores, chegando a 10 vezes mais, do que as que ficaram abaixo dos 20%. Estas áreas mais afetadas ainda apresentavam estações mais quentes, mais secas e longas.

Isso traz uma dimensão não apenas lamentável, mas também preocupante para os problemas do aquecimento global e também para o mercado de carbono.

O Impacto do desmatamento na Amazônia

É impossível falar da relação entre o mercado de carbono e o desmatamento sem tocar no assunto: Amazônia. Sendo ela um dos principais filtros de carbono do mundo e um dos trunfos para frear o avanço do aquecimento global, deveria ser alvo das mais severas e firmes políticas de preservação.

No entanto, o que vem acontecendo é bastante diferente. Ainda, segundo a revista Planeta
entre os anos de 2010 e 2018 a floresta amazônica foi responsável por lançar cerca de mais de 1 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera, anualmente.

Dessa forma, o saldo entre absorção e emissão de carbono por esta floresta foi de 0,87 bilhões de toneladas, em um total de 18% nos 8 anos de balanço.

O impacto do desmatamento no mercado de carbono

De acordo com a IDSAM, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, o estoque de carbono da Floresta Amazônica tem o potencial de rendimento de 1 bilhão de dólares ao ano entre 2020 e 2030.

Este valor é referente a 3 bilhões de toneladas de CO2 ao ano, porém o presidente da identidade alerta para a necessidade de zerar o desmatamento ilegal, para que o país não deixe essa oportunidade passar.

Porém para compreender melhor esta questão e como o país pode se beneficiar com os créditos de carbono, precisamos entender uma das principais políticas internacionais a respeito do assunto, o chamado REDD.

O que é o REDD?

REDD é uma sigla para a expressão inglesa Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation in Developing Countries, que pode ser traduzida como Redução de Emissão oriundas do desmatamento e da degradação florestal nos países em desenvolvimento.

Para explicar melhor, pode-se dizer que se trata de um conjunto de políticas e incentivos econômicos para que países em desenvolvimento reduzam o desmatamento e a degradação de suas áreas naturais, consequentemente reduzindo também a emissão de CO2 na atmosfera, auxiliando no refreamento do aquecimento global.

A importância do REDD

Dentre os diversos mecanismos econômicos e políticos que visam combater o Aquecimento Global, o REDD é um dos que se posicionam melhor.

Isso ocorre uma vez que inúmeros especialistas apontam o desmatamento como um dos principais fatores de emissão de CO2 no mundo. De acordo com matéria publicada pela BBC NEWS Brasil, a degradação das áreas naturais representa cerca de 20% de todo o gás carbônico liberado no planeta anualmente.

Assim, embora os países em desenvolvimento sejam financeiramente compensados com a redução do desmatamento, essa ainda é uma alternativa econômica e viável para conseguir diminuir o aquecimento global. Pois mesmo existindo possibilidades tecnológicas para a captura do CO2 estas são ainda caras e de difícil implementação.

Os principais países alvos do REDD

Em escala global existem países que contribuem mais e outros menos para a emissão dos gases do efeito estufa, incluindo aqueles liberados pelo desmatamento e pela degradação das áreas naturais.

Na década de noventa quando estas questões se tornaram mais centrais nas pautas da comunidade internacional, os principais países emissores desses gases através do desmatamento eram o Brasil e a Indonésia que sozinhos eram responsáveis pela metade de emissão de CO2 por desmatamento em todo o mundo.

Atualmente o cenário mudou um pouco de figura, embora não pareça ser o suficiente. Agora o Brasil ocupa a quarta posição e a Indonésia a terceira, no ranking de emissão de gases do efeito estufa. A China e os EUA ficam com a primeira e a segunda colocação.

Ainda é importante notar que entre os primeiros e os segundos os motivos das emissões são distintos, sendo que o Brasil e a Indonésia ainda continuam seu legado de emissão por desmatamento.

Como funciona o REDD na prática?

Em diversos locais do mundo o REDD já possui programas em funcionamento. Alguns exemplos são os seguintes:

Na Indonésia, já existem mais de 10 programas. Sendo um deles financiado pelo banco Merrill Lynch, sediado nos EUA, Estados Unidos da América.
O Governo da Noruega destinou cerca de 250 milhões de dólares para a preservação das florestas tropicais da Guiana.
Mais de 35 países estão sediando projetos de REDD que estão sendo implementados pelo Banco Mundial.

No Brasil também contamos com iniciativas assim, que demonstram a importância da preservação das florestas para os benefícios dos créditos de carbono. A título de exemplo podemos citar, o Projeto da Reserva Juma, que, sediado no estado do Amazonas, busca o desenvolvimento sustentável das áreas e populações da Reserva.

Uma destas ações é implementada para a geração de renda dos moradores locais. Eles recebem um cartão de débito e após a inspeção de uma comissão que confere se a floresta está sendo preservada, os cidadãos participantes recebem uma parcela dos créditos de carbono no valor de 30 dólares.

Pode parecer pouco, mas muitas dessas populações ganham quantias menores sendo recrutadas por madeireiras ou mesmo derrubando a floresta para plantio.

Assim, além de diminuir a pobreza local, que é um dos fatores que mais pesam no desmatamento, o programa também transforma os moradores locais e vigilantes da floresta.

Afinal, qual o tamanho desse mercado?

Uma dúvida muito recorrente é sobre a viabilidade do pagamento dessas compensações, uma vez que elas giram nas casas de milhões e até bilhões de dólares.

Assim é comum que surjam dúvidas sobre se é viável, sobre quem será responsável pelos pagamentos, como eles serão feitos e até mesmo quais oportunidades estão em jogo no mercado de carbono.

Existe uma estimativa, também publicada pela BBC NEWS Brasil, que aponta para o número de 5 bilhões de dólares anuais. Esse valor seria o necessário para que os países responsáveis pela emissão de 70% dos gases de efeito estufa advindos do desmatamento zerassem suas taxas de degradação ambiental referente.

Sobre a viabilidade podemos afirmar que é perfeitamente executável, uma vez que a mesma fonte aponta que de acordo com a ONU, Organização das Nações Unidas, os diversos dispositivos de captação de recursos serão capazes de levantar anualmente um valor aproximado de 30 bilhões de dólares a serem direcionados ao combate ao aquecimento global.

No Brasil, como já visto, também contamos com regulamentações e projetos que tramitam nos poderes legislativos e executivos e que nos próximos anos poderão beneficiar aqueles que investirem no mercado.

Conclusão

Por tudo que foi exposto e debatido até aqui fica evidente que o futuro do mercado de carbono no Brasil está altamente atrelado a preservação de nossas florestas e outros biomas e que isso significa uma redução drástica e urgente do desmatamento seja para extração de madeira seja através de queimadas.

Outro ponto ainda latente sobre o tema é a vocação e oportunidade única que nosso país, sua livre iniciativa tem de se beneficiar dessa vocação natural que concedeu ao território florestas tão vastas e reservas tão grandes de carbono que nesse momento se tornam um trunfo da humanidade na luta contra o aquecimento global.

Acompanhe nosso conteúdo

Artigos Relacionados

Ver todos
Ficou com alguma dúvida?

Entre em contato

Gostaria de saber mais informações a respeito do funcionamento do mercado e se você pode comprar/vender créditos de carbono?

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação.

Confira nossa Política de Privacidade.